segunda-feira, 26 de maio de 2014

O descalabro da Mudança

PEDRO CALADO, Ex-vereador
da Câmara Municipal do Funchal

Sem credibilidade, sem imagem, sem se fazer respeitar, honrar o lugar e até mesmo posições institucionais, em tão pouco tempo não tiveram arte nem engenho de construir e zelar pelos interesses públicos. Para sempre ficarão na história da Cidade, da Região e do país, por terem sido a mais desastrosa governação
 
 
 
Sempre que mudamos, sonhamos fazê-lo para melhor. Pelo menos é essa a intenção. Às promessas apresentadas imaginamos novos contornos, novas realidades, mas sempre para melhor. 

O que se passou em Outubro de 2013 foi isso mesmo. Tinha de haver uma penalização, as pessoas estão cansadas de um sistema e pessoas centralizadoras, sem diálogo, sem um rumo estratégico, sem ambições, onde se instalou o comodismo, o facilitismo da despesa e a ideia errada de que para se conseguir seja o que for, é preciso "estar no sistema". Quiseram mudar mostrando um cartão vermelho, não na terceira pessoa do singular, mas na primeira pessoa do plural, ainda por cima no sítio errado, nas autárquicas.

O que se passou? A "mudança". Para muitos, deveria ter sido para melhor. A fasquia (em muitos lados) estava muito alta. Não seria fácil. O que se viu e temos assistido? A um vazio de governação. A uma inconsequente e irracional governação, sem liderança, sem objectivos, sem planos estratégicos, sem rumos, apenas uma ideia: destruir e criticar tudo o que foi feito anteriormente. A esta irresponsabilidade e incompetência, o povo saberá, mais cedo ou mais tarde, dar a sua resposta.
 
Será e está a ser penoso. Sem qualquer espírito de missão pública, de ideias e exemplos (estes têm de vir sempre de cima para baixo), assistimos a uma Cidade cada vez mais desorganizada, pobre, desleixada, suja, sem controlo e sem governo.

Em tão pouco tempo, destruíram-se ideais, projectos, pessoas, tudo em nome de um grande umbigo e de uma, não menor, cabeça. Sem credibilidade, sem imagem, sem se fazer respeitar, honrar o lugar e até mesmo posições institucionais, em tão pouco tempo não tiveram arte nem engenho de construir e zelar pelos interesses públicos. Para sempre ficarão na história da Cidade, da Região e do país, por terem sido a mais desastrosa governação.

Apenas um reparo: desta vez, sairá muito caro, em todos os aspectos, o acto, de muitos de nós, querermos ter sido sonhadores e até mesmo irreverentes ao mostrar as nossas posições e ideologias. Tudo saiu ao contrário. A mudança falhou e faz já parte do passado. Resta saber quando e a que preço?

Uma nota final: todos teremos de ter muito mais cuidado nas escolhas que fazemos, em quem fazemos, qual o seu grau de preparação e experiência. Não basta saber falar, tem de saber o que diz, como e porque o diz. Ao papagaio basta que diga qualquer coisa. Ao político exige-se que saiba oque diz.

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