terça-feira, 25 de março de 2014

Descrença nas eleições e na classe política

Pedro Calado, ex-vereador
da Câmara Municipal do Funcal

Arrisco-me a dizer que as eleições servem cada vez mais para afastar a população dos políticos e para deixar as pessoas ainda mais revoltadas com o esforço cada vez maior exigido. Para quê?





Em Maio próximo teremos mais eleições, desta vez Europeias. No outro dia ouvia na televisão que, segundo um estudo de uma Universidade Portuguesa, mais de sessenta por cento dos portugueses não sabiam um único nome de qualquer eurodeputado português. Isto revela uma de três coisas: ou os eurodeputados andam muito longe das pessoas e as suas políticas nada dizem ao comum dos mortais; ou a comunicação social anda muito longe deste mundo europeu e das suas políticas; ou as pessoas já não acreditam em nada do que tem origem no mundo político… Embora acredite que possa existir um pouco de tudo, estou convicto que a grande maioria das pessoas já não se revê no estado actual da Nação e deixou mesmo de acreditar na classe política actual.

A grande maioria da população olha para a classe política como sendo um grupo de pessoas que apenas lá estão por oportunismo ou porque pretendem “angariar” benefícios próprios. Ora, eles são eleitos pelo povo e legitimamente colocados nas suas posições pelo povo. Devem trabalhar em prol do bem-estar e desenvolvimento da população e das zonas geográficas que representam. O que tem acontecido ao longo dos últimos 40 anos não foi isto. Gastaram ao país, ano após ano, ao longo de 4 décadas de democracia, muito mais do que o país podia e tinha para gastar. Mudaram-se partidos, governos, políticos, políticas e tudo se manteve.


A dívida cresceu, o desemprego também, a dependência do exterior também. O país foi ficando mais pobre, mais dependente, com muito menos recursos, menos desenvolvido e acima de tudo, excessivamente endividado. Nem os milhões dos fundos comunitários (que foram gastos em casas, barcos e carros), salvaram o país da bancarrota. Não se modernizou o país e muito menos criaram-se benefícios fiscais à criação de postos de trabalho, à modernização e ao desenvolvimento.

Passados 40 anos, estamos como estamos, com os jovens a saírem em massa para o estrangeiro, a serem uma grande fonte de emigração portuguesa e um grande factor de sucesso para o país que os acolhe. Estes jovens são qualificados e acima de tudo deixam para trás um país empobrecido, velho e desestruturado, sem qualquer sinal de optimismo no futuro. Eles, e os seus pais, não acreditam já naquilo que é prometido e sobretudo no que se quer impingir em sucessivas rondas eleitorais de 4 anos…


Arrisco-me a dizer que as eleições servem cada vez mais para afastar a população dos políticos e para deixar as pessoas ainda mais revoltadas com o esforço cada vez maior exigido. Para quê?

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