quinta-feira, 17 de abril de 2014

Era uma vez...

QUINTINO COSTA, Dirigente do PTP
 O direito à educação, à saúde, a melhores condições de habitabilidade, o acesso generalizado à eletricidade, à água; o direito à informação (sempre condicionada à ideologia jardinista), o acesso ao desporto e à cultura foram frutos de Abril e foram sempre contestados pelo PSD que executou tais políticas, não por convicção, mas por obrigação constitucional, pela luta do povo e, por vezes, por necessidades eleitorais

Era uma vez uma terra onde reinava a pobreza e a exploração do seu povo. Os cereais cultivados eram controlados a dedo em quantidade e qualidade com o objetivo de alimentar a nobreza do reino. Com a implementação da República, vira o disco e toca o mesmo, a farinha e o leite eram o ouro extraído desta terra, produzidos com o suor dos pobres e o Estado explorador comia tudo.

Na ditadura de Salazar, continuou o saque e os explorados continuavam a ser os mesmos de sempre. O povo da terra, para alem de ser explorado pelo regime centralista, tinha à perna os senhorios, que tal como carraças sugavam todo o sangue dos caseiros, deixando-os na miséria total. E um dia chegou a democracia. Com ela veio a autonomia politica e administrativa da miserável e explorada região.

Os senhorios, por força da luta dos caseiros, viram a escravidão parcialmente abolida. O povo, embora tímido e preso a uma cultura de submissão, viveu os “ares” de Abril, sonhou com a liberdade embora condicionada ao meio, à educação e à cultura ou falta dela. Apesar de todas as limitações próprias de um povo isolado e discriminado, nada seria como antes.

O regime democrático e autonomista, embora caísse em mãos alheias e avessas aos ideais de Abril, teve de abrir caminho ao desenvolvimento. O direito à educação, à saúde, a melhores condições de habitabilidade, o acesso generalizado à eletricidade, à água; o direito à informação (sempre condicionada à ideologia jardinista), o acesso ao desporto e à cultura foram frutos de Abril e foram sempre contestados pelo PSD que executou tais políticas, não por convicção, mas por obrigação constitucional, pela luta do povo e, por vezes, por necessidades eleitorais. Uma terra e um povo escravizado pela classe dominante desde a monarquia até a suposta democracia.

Mas não podemos dizer que era uma vez, pois continua a existir escravidão, exploração, desemprego e a atitude ditatorial do quero posso e mando. A falta de ética e moral corre nas veias dos chicos espertos desta terra. Digo que tudo isto ainda continua acontecer e está enraizado na cultura das gentes menos idóneas desta terra, já que recentemente - não falo de há alguns séculos atrás pois aconteceu há duas semanas - uma jovem empregada de escritório, por ter ficado doente, teve que apresentar baixa médica na empresa onde trabalhava há três anos.

Quando regressou às suas funções na empresa de mármores foi insultada, difamada e até agredida fisicamente pela entidade patronal. A jovem recorreu ao sindicato, solicitando ajuda, mas o senhor Caracóis, dono do sindicato, disse-lhe que tinha de ter paciência e chegar a um acordo com entidade patronal agressora.

A trabalhadora não aceitou a recomendação. Para seu espanto, recebeu um telefonema do advogado da empresa, que também é presidente de um sindicato, apresentando-lhe uma proposta miserável para rescisão de contrato, acompanhada de uma ameaça, caso não aceitasse a proposta: o assunto vai para ser resolvido no tribunal e “lá ganha quem tem poder e não quem tem razão”. Estas palavras foram proferidas pelo advogado de uma empresária sem escrúpulos, mas são ainda mais graves e até nojentas porque quem as proferiu também é sindicalista. Acorda Madeira e liberta-te povo! Grita Abril sem medo!

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