sábado, 9 de agosto de 2014

Redes e selfies

PEDRO MOTA, Jurista


«Agora é possível tirar milhares de fotografias todas no mesmo local e ver se "fica bom ou fica mau" na hora. O que é uma tragédia! Não dá para andar. As viagens são constantemente interrompidas sob a ditadura da fotografia.»




Esta tem a ver com o Verão e é para rir um bocado: Na minha opinião a fotografia jamais devia ter sido banalizada. É um problema que tenho sempre que viajo acompanhado de amigos e que pode atrapalhar bastante uma viagem: a "necessidade" de tirar fotografias. Às vezes consigo limitar essa "necessidade" a uma fotografia por local de forma a poder viajar; porque viajar é olhar, é estar no café, é beber umas cervejas, etc.
Não é parar inúmeras vezes para tirar fotografias, encontrar o melhor cenário, etc.Tenho a impressão que quem perde muito tempo com fotografias não viaja realmente; anda por lá para que os outros vejam que viajou. Ora, para pessoas como eu (penso que não sou o único) que detestam parar o seu caminho para tirar fotografias, a invenção da fotografia digital ou ultra banalizada acabou por ser uma catástrofe. Antes quando acabava o rolo, acabavam as fotografias (chatice!) e podíamos prosseguir a viagem sem paragens ou demoras…agora não!
Agora é possível tirar milhares de fotografias todas no mesmo local e ver se "fica bom ou fica mau" na hora. O que é uma tragédia! Não dá para andar. As viagens são constantemente interrompidas sob a ditadura da fotografia.
Como se não bastasse, intimamente ligada a esta loucura da fotografia, surge uma nova"tendência" nas redes sociais. É bem tonta e tem uma espécie de anglicanismo que nunca falta quando se trata de novas tendências tontas: a denominada "selfie".
Além de tirarem milhares de fotografias e publicarem todas ou quase todas nas redes sociais, agora as pessoas tiram fotografias de si …tipo "olha eu aqui a espremer os beiços e a esconder as gorduras"…
Isto é normal? Parecem aqueles "atletas" que fazem questão de correr na estrada para toda a gente ver. Algumas vezes com a língua de fora e a "estalar", em figuras absolutamente inenarráveis. Sou obrigado a ver isto? É que nem podemos fechar os olhos porque estamos a conduzir…
Voltando à fotografia: enquanto puder (e ele acreditar em mim) vou repetir a história do índio ao meu filho: a fotografia rouba a alma….foge o mais que puderes das máquinas fotográficas…
Bom Verão!
 
 
 

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