PEDRO MOTA, Jurista |
«Os militantes terão de escolher o seu candidato de acordo com a vontade exterior e nunca presos aos ditames de um qualquer aparelho partidário. Não obstante esta ideia, há quem ache que o aparelho do partido tudo determinará e tudo resolverá. Mesmo que assim suceda durante breves meses, a legitimação eleitoral – a que é dada pelo povo – estará cada vez mais distante.
Voltando à reflexão sobre o sistema partidário interessa
notar que as primeiras eleições primárias abertas a simpatizantes realizadas em
Portugal foram um sucesso. Efectivamente, a legitimação deve vir do exterior. Até o Rei
é aclamado pelo povo sendo essa a sua legitimação. Nos partidos não deve ser diferente. Vem isto a proposito de
diversas sagas partidárias muito em voga com jogadas “na secretaria” que têm
por escopo manter o poder. Afinal a política é isso: Luta pelo poder.
Simplesmente, em minha opinião, esse poder deve ser
legitimado por algo exterior à instituição. Quer isso dizer que os militantes terão de escolher o seu
candidato de acordo com a vontade exterior e nunca presos aos ditames de um
qualquer aparelho partidário. Não obstante esta ideia, há quem ache que o aparelho do
partido tudo determinará e tudo resolverá. Mesmo que assim suceda durante breves meses, a legitimação
eleitoral – a que é dada pelo povo – estará cada vez mais distante.
É urgente uma abertura e uma aproximação dos partidos aos
cidadãos. Recentemente, até o Presidente da República alertou para o
risco de implosão da democracia partidária. (Como se nada tivesse a ver com isso. Afinal, como todos
sabemos é o Presidente de “todos” os portugueses eleito com cerca de 20% dos
votos.) Enfim, é a legitimação que temos.
Esse alerta presidencial acabou por ser importante porque
aquilo que existe hoje é uma aversão dos jovens aos partidos. Existe até – as
palavras não são minhas – quem considere que só entram na política aqueles que
não possuem notas escolares suficientes. Este pensamento faz parte de uma
entrevista excelente (e que recomendo) dada pelo ex-ministro Campos e Cunha ao
Jornal i.
Meus senhores, o futuro é hoje. Por mais que tentem impedir,
os manobradores de aparelhos partidários estão condenados ao fracasso. É preciso
outra coisa, mais aberta e mais transparente.
Amigo Mota, o futuro começou ontem e não termina amanhã.
ResponderEliminarCampos e Cunha na entrevista que mencionaste, de resto, brilhante como é seu timbre alerta para algo muito mais grave, transversal a todo o universo político europeu e norte-americano, que é a potenciação de pessoas sem valores, não só intelectuais, mas, essencialmente, morais.
A abertura dos partidos só irá ser feita quando estes se sentirem ameaçados por movimentos de cidadania como o "Podemos" em Espanha, movimento esse que, até ver, não tem paralelo no resto do mundo.
Abraço e parabéns pelo artigo.